João Paulo Almeida: "O mais importante é entrar em ação”

Portugal Football Summit

Especialista em apostas desportivas defende que mais do que leis, é preciso ser assertivo na proteção da comunidade

A crescente popularidade das apostas desportivas acarreta riscos para a integridade. Manipulação de resultados, viciação de competições e desafios quanto à regulação são algumas das ameaças. Cada vez é mais importante coordenar esforços para dar resposta a essas questões e o painel “Apostar na integridade: proteger o futebol no Match-Fixing e das ameaças ligadas ao jogo”, moderado por Nuno Perestrelo, Diretor de Comunicação da SIGA, foi uma forma de partilhar conhecimento e ir ao encontro de soluções.

Marc Williams, atual Consultor da EPIC Global Solutions e antigo jogador, foi viciado em apostas, durante 12 anos, e revelou como isso começou a ter impacto na carreira, nas relações e na própria saúde mental. “Há sete anos percebi que tinha um problema grave e que precisava de ajuda. Quando jogava no Wrexham toda a gente no clube apostava. Quando tive uma lesão, comecei a apostar todos os dias. Começaram a falar de mim nos jornais e nas redes sociais. Tornei-me agressivo com os meus colegas e até em casa”.

Casos como o do Marc existem muitos e as autoridades nacionais não possuem todas as ferramentas para os resolver, uma vez que muitos dos que encontraram nas apostas desportivas uma oportunidade de ganhar dinheiro ilegalmente operam desde o estrangeiro.  João Paulo Almeida, Consultor do Observatório do Jogo Responsável e especialista em apostas desportivas referiu que “é importante ter boas leis e regulamentos, mas o mais importante é entrar em ação. Tem de haver consciencialização da comunidade do desporto, mas também monitorizar e partilhar informação. Se não formos capazes de o fazer, vamos ter muitos mais casos como o do Marc”.

Em Portugal, existem várias empresas legais de apostas, mas existe toda uma rede de apostas ilegais. “Os clubes e as federações têm de estar conscientes dos riscos que existem. Pode haver patrocínios, sim, mas terão de estar muito atentos às questões da integridade e da educação”, reforçou João Paulo Almeida.

Também Bernardo Neves, Secretário-Geral APAJO, é da opinião que é urgente transmitir e explicar que apostar deve ser apenas entretenimento, não um investimento. Na sua opinião “uma das belezas do futebol é a incerteza no resultado, e isso potencia o número de apostas. Do Conselho Nacional para a Integridade no Desporto, que nasceu no seio do IPDJ, fazem parte muitas instituições, como a Federação Portuguesa de Futebol. Há uma grande preocupação sobre o que as pessoas envolvidas no desporto podem fazer no que diz respeito a apostas. A legislação diz que os atletas, por exemplo, não podem apostar nos seus próprios jogos”.

É então fundamental juntar todos os envolvidos no tema, para discutir o que precisa de ser feito em termos de proteção do consumidor, de modo a ser possível intervir, o mais cedo possível, junto das pessoas que podem vir a desenvolver um problema com apostas.


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